Saúdo o companheiro Haddad, futuro prefeito de São Paulo, e a querida Zilá Abramo, símbolo da luta pelo socialismo no Brasil, esposa do saudoso Perseu Abramo que foi secretário de comunicação do nosso governo e que nos ajudou a construir uma política de comunicação séria, responsável e competente. Obrigada Zilá por você e pelo Perseu que nos inspiraram na nossa militância política. Cumprimento também a companheira Rosalina Santa Cruz. Estamos juntas desde a luta dos(as) assistentes sociais na década de 70 e que nos ajudou como secretária do Bem-Estar Social, quando governamos a cidade de São Paulo. Saúdo também Muna Zeyn, parceira de muitas lutas e que tem nos ajudado a atravessar momentos difíceis e a vencer enormes desafios. Sou grata a essas duas companheiras que têm sido uma força nessa caminhada que Deus e a história colocaram sobre nossos ombros. E o Néder, esse querido amigo e companheiro que continua acreditando e lutando pelo socialismo. Foi um verdadeiro coringa no nosso governo, sempre pronto a ajudar no que fosse necessário. Foi chefe de gabinete e, depois, secretário da saúde, quando realizou importante trabalho. Obrigada, portanto, companheiro. Ainda há pouco ele me lembrava de que não tinham sido apenas seis hospitais construídos e postos em funcionamento no nosso governo, mas sete, pois adquirimos um hospital da SAMCIL, que estava desativado, reformamos e pusemos para funcionar, o hospital infantil João XXIII. Portanto, Haddad, avisa aos nossos adversários que não foram seis, mas sete hospitais em apenas 4 anos de governo. Além disso, reformamos e ampliamos o hospital do Tatuapé e construímos dezenas de Unidades Básicas de Saúde.
Eu propus ao Haddad que fôssemos visitar esses hospitais, junto com a população que lutou por eles, para mostrar ao outro candidato que ele está desinformado. O mérito dessas conquistas não é da prefeita de então, mas sim do movimento popular de saúde que lutou bravamente por elas e, portanto, é quem deve ser homenageado e não eu, como sugeriu Haddad.
Eu sei, Haddad, que você tem uma agenda a cumprir e candidato não pode perder muito tempo em reuniões, até porque todos os que estão aqui já votam em você e, mais do que isso, são militantes e apoiadores da sua candidatura. Então, vá fazer campanha em outro lugar. Aqui, seus votos estão garantidos.
Retomando nossa fala inicial, eu não costumo ler discurso, mas refleti bastante durante os dias que precederam este momento. Foram muitos os questionamentos que me fiz, então resolvi trazer o resultado da minha reflexão por escrito. Não se trata de simplesmente chegar aqui e dizer que apoio Haddad e que vou fazer sua campanha, até porque já afirmei, desde o primeiro momento, que eu e o meu partido, o PSB, estaríamos engajados na luta pela vitória, não apenas de um candidato, mas de um projeto político representado por Fernando Haddad, acreditando ser possível fazer política de forma diferente.
Pensei bastante antes de vir aqui para fazer esta declaração e preferi fazê-la por escrito. É uma fala que preparei com muito cuidado e responsabilidade, para que expressasse os reais sentimentos que me movem neste momento, quando se nos apresenta mais uma oportunidade de conquistarmos o poder nesta importante cidade para colocá-lo a serviço do povo.
Eu quero agradecer a Néder o convite para participar desta plenária e saudar cada uma e cada um de vocês aqui presentes e dizer da minha grande emoção e sentimento de responsabilidade pelo que vou falar aqui depois da posição que assumi diante de fatos recentes do conhecimento de todos e que me custou muito.
Estou consciente do simbolismo e da repercussão, junto à sociedade, de gestos e atitudes públicas de lideranças políticas, por isso é preciso ter cuidado. Isso significa que a política tem uma dimensão pedagógica que deve ser usada como instrumento para elevar o nível de consciência política da sociedade, em especial dos jovens.
Quero dizer, claramente, que não estou revendo minha posição sobre a política de alianças adotada no Brasil. Considero-a equivocada e prejudicial à politização da sociedade e, consequentemente, ao fortalecimento da democracia. Luto contra essa política de alianças desde que cheguei no Congresso Nacional, há quase 13 anos, quando passei a defender e a lutar por uma reforma política que promova uma mudança estrutural do sistema político brasileiro. Não me refiro, tão somente, às eleições que são apenas um momento, embora importante, do processo político e que trata da disputa pela conquista do poder no plano institucional. Estou falando, isto sim, de um sistema que envolve todas as instituições políticas o tempo todo, haja ou não eleições.
Assim, temos que colocar todas as nossas energias, no sentido de pressionar o Congresso Nacional para que elabore e aprove uma reforma do nosso sistema político, de modo a corrigir as distorções do sistema atual e possibilite o aperfeiçoamento e a consolidação da democracia no país. Precisa ser uma reforma estrutural, do sistema como um todo, inclusive do quadro partidário que se exauriu.
Os partidos que existem hoje pouco significam do ponto de vista político-ideológico e não se diferenciam enquanto projetos políticos, do que decorre essa equivocada política de alianças entre partidos sem qualquer identidade entre si e até antagônicos no que se refere às suas origens e aos seus compromissos históricos. Portanto, é urgente e absolutamente indispensável que a sociedade coloque na sua agenda a defesa da reforma política e pressione o Congresso para que faça sua parte em relação a isso. Até agora, essa importante demanda da população ao Poder Legislativo tem caído no vazio e tratada com descaso pela maioria de seus membros. Lamentavelmente, muitos parlamentares vêm a reforma política pela ótica do próprio interesse eleitoral imediato.
Existem hoje, no Brasil, quase 30 partidos e esse número tende a crescer, tal é a facilidade com que se cria um partido e o interesse que existe em ser dono de um deles, para poder usufruir dos recursos do Fundo Partidário e dispor de alguns segundos do tempo de rádio e televisão para vendê-los a peso de ouro Assim, criar hoje um partido é um grande negócio. Evidentemente isso não pode continuar. É preciso, pois, uma reforma política já.
No difícil momento em que desisti de compor a chapa de Fernando Haddad, na condição de candidata a vice-prefeita, afirmei que continuaria apoiando e defendendo o projeto que representa a candidatura das forças democráticas e populares ( PT, PSB, PCdoB.). Primeiro, porque acredito no compromisso desses partidos com os interesses da população e Fernando Hadda é, sem dúvida, o melhor candidato. Segundo, porque quero ter o direito de cobrar o cumprimento desses compromissos do futuro governo da cidade.
Que compromissos são esses?
_ Prioridade para as políticas sociais como respostas concretas aos direitos sociais e de cidadania da população paulistana.
_ Realizar uma gestão radicalmente democrática: dividindo o poder com o povo, fonte originária do poder; estimulando e apoiando a organização autônoma da sociedade civil como aliada principal e como apoio e sustentação das ações do governo.
_ Governar com transparência e absoluto rigor ético, não só por parte do titular do cargo - o prefeito – mas de todos os membros do governo que deve submeter-se ao controle popular; a ética como um pressuposto e exigência política e não apenas como um dever moral.
_ Um governo que busque a governabilidade, antes de tudo, na aliança com a sociedade civil organizada, garantindo, assim, uma relação autônoma e soberana com o Poder Legislativo e com as outras esferas de poder do Estado (Estado e União).
Campanha eleitoral
_Que a campanha eleitoral seja uma oportunidade para se discutir com a população os principais problemas da cidade e de cada região e possíveis soluções criativas e inovadoras para os mesmos.
_Priorizar, durante a campanha, reuniões e encontros de debates como método de construção de uma proposta exequível de programa de governo, resgatando as experiências já testadas e aprovadas dos nossos governos, avaliando-as criticamente; atualizando-as e adequando-as à realidade de hoje.
_Procurar estimular a compreensão sobre a cidade na sua dinâmica e como parte da região metropolitana, na perspectiva de integrar as políticas e ações dos governos municipais que compõem a referida região, buscando a sinergia que potencializará as diversas ações governamentais. Isto supõe liderança e iniciativa política e São Paulo é cidade-polo de uma grande região metropolitana. Governar é mais do que administrar, é ter iniciativa e capacidade de articulação política.
Finalmente, a partir de agora, eu e um grupo de companheiras e companheiros (alguns deles estão presentes nesta plenária) que compartilhamos estas e outras idéias, nos colocamos à disposição da campanha do nosso candidato Fernando Haddad em quem acreditamos e confiamos plenamente.
Não nos deixemos influenciar por resultados de pesquisa; servem apenas para firmarmos os rumos da campanha que também não deve estar submetida, de forma tão absoluta, à lógica imposta pelos marqueteiros. Não é isso que ganha eleição, mas acreditar na proposta que defendem e passar essa fé a quem se encontrar nas ruas, praças, aglomerados dessa grande e generosa cidade que é São Paulo. Devemos declarar, durante a campanha, nosso amor por ela e fazer um pacto com seus cidadãos e cidadãs de, juntos, buscarmos transformá-la num espaço de convivência solidária, onde todos e cada um e cada uma terão possibilidade de construir-se como cidadãos plenos.
Vamos à luta! Até a VITÓRIA, se DEUS quiser!
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