Prefeita Luiza Erundina corta a fita inaugural do Sambódromo ao lado de Júlio Albertoni |
Ao comemorarmos os primeiros vinte anos do Sambódromo de São Paulo, importante conquista dos paulistanos, quero saudar a Liga Independente das Escolas de Samba que, ao longo dessas duas décadas, constrói a mais bela e grandiosa manifestação de cultura popular: o Carnaval paulistano.
Uma das minhas grandes alegrias como prefeita desta cidade que tanto amo foi realizar um antigo sonho dos sambistas de São Paulo: ter um lugar especial para o desfile das escolas de samba.
Na época, Leandro Silva Martins, presidente da Escola de Samba Leandro de Itaquera e da Liga Independente das Escolas de Samba de São Paulo, dizia que “a passarela era um velho sonho dos sambistas” e que acreditava que em 1991, São Paulo teria um sambódromo e que “o carnaval daquele ano seria o maior e o mais bonito de toda a história de São Paulo.”
Ademais, a ideia de se construir uma passarela do samba era uma solução para um problema antigo, ou seja, comprometimento de 90% da verba destinada ao Carnaval com montagem e desmontagem de arquibancadas e ornamentação da Avenida Paulista, onde se realizavam os desfiles carnavalescos.
Para resolver definitivamente esse problema. Determinei e o então presidente da Anhembi Turismo e Eventos da Cidade de São Paulo, o empresário Júlio Albertoni, que tomasse as medidas necessárias à construção do Sambódromo paulistano.
Como primeira providência, sancionei a Lei n° 10.831/1990 que “oficializa o Carnaval da Cidade de São Paulo, revoga a Lei n° 7.100/1967, e dá outras providências.” Esta lei atribui à Prefeitura a responsabilidade de organizar o Carnaval, por meio da Anhembi S/A, e reconhece e institucionaliza a representação das Escolas de Samba, mediante entidades associativas.
No dia 30 de maio de 1990, após eficiente trabalho da direção da Anhembi, aprovei o projeto doado à prefeitura pelo arquiteto Oscar Niemeyer, para a construção do pólo de arte e cultura popular de São Paulo – o sambódromo. Esse projeto previa uma passarela de 530 metros de comprimento, por 14 metros de largura, abrangendo uma área total de 40.000 m², sendo 29.260 m² de área construída. Previa ainda que, ao longo da passarela, seriam construídas arquibancadas e, embaixo, funcionariam um pronto socorro com 40 leitos, uma creche para 400 crianças, filhos de famílias da região, e uma escola de artes.
A um custo estimado de U$ 9 milhões, o projeto foi desenvolvido dentro do conceito de obra para múltiplos usos. O espaço seria utilizado para eventos culturais e esportivos, concertos musicais, exposições e festivais de cinema ao ar livre, torneios de várias modalidades de esportes, além dos equipamentos sociais já mencionados.
Na ocasião, a prefeita declarou: “Este é o presente que eu quero dar a São Paulo”, ao determinar o dia 25 de janeiro de 1991, data para fazer a entrega da obra à população paulistana.
Em razão das fortes chuvas que castigaram a cidade naqueles dias, o ato de inauguração da nova passarela do samba foi adiado para 1° de fevereiro.
Ao tomar conhecimento do projeto declarei: “Fico feliz com a concepção de um equipamento público, que ficaria grande parte do tempo ocioso, ser transformado num palco de manifestações cultuais acessíveis a toda a população.”
Entretanto, a construção da obra enfrentou grande dificuldade em razão da Câmara Municipal não autorizar mudança na lei de zoneamento, o que impediu a Prefeitura de construir as arquibancadas definitivas, de concreto, conforme o projeto. A solução provisória foi montar arquibancadas de aço tubular, com capacidade para 25 mil pessoas e 52 camarotes, a serem desmontados após os desfiles do Carnaval.
No dia 1° de fevereiro de 1991, inaugurei o Pólo de Arte e Cultura Popular de São Paulo – o Sambódromo, concretizando o sonho dos sambistas paulistanos que, há mais de 25 anos, lutavam por espaço próprio e definitivo para os desfiles de Carnaval.
O ato de inauguração contou com minha presença e a de representantes de todas as escolas de samba da cidade e, na ocasião, assinei decreto criando o Conselho Municipal de Turismo com a finalidade de estabelecer políticas para estimular o setor.
No dia 6, as duas campeãs do ano anterior – Camisa Verde e Branco e Rosas de Ouro – fizeram um ensaio geral para reconhecimento da pista.
A abertura dos desfiles do primeiro Carnaval realizado no Sambódromo ocorreu no dia 9, quando a passarela do Samba foi palco de apresentação das dez escolas que formavam o grupo especial.
Naquele mesmo ano, no dia 1° de novembro, foi iniciada a construção de arquibancadas, com 500 metros de extensão e 350 metros de altura, como previa a lei de zoneamento.
Encaminhei projeto de lei para alterar o zoneamento do local, mas os vereadores de oposição dificultaram a aprovação e sem autorização do legislativo ficamos impedidos de construir arquibancadas maiores. Isso nos obrigou a contratar, mais uma vez, arquibancadas tubulares desmontáveis, para viabilizar os desfiles de Carnaval de 1992.
Em 27 de fevereiro desse mesmo ano, arquibancadas de concreto no Sambódromo, sendo cinco módulos de 500 metros de extensão, por 3,8 metros de altura, com capacidade para 10 mil pessoas. Foram instaladas também arquibancadas tubulares desmontáveis para outras 10 mil pessoas, porque a Câmara Municipal só aprovou a alteração na lei de zoneamento, permitindo a construção definitiva de toda a estrutura do Sambódromo, de acordo com o projeto, quando não havia mais tempo para executarmos as obras e completarmos a passarela para o Carnaval de 1992, o último do nosso governo.
Enfim, quero manifestar, com alegria e entusiasmo, minha saudação calorosa a São Paulo pelo vigésimo aniversário do Sambódromo paulistano.
Que o Carnaval de 2011 seja a apoteose da maior festa de cultura popular de todos os tempos e nossa justa homenagem a todas e todos os que, dia após dia, constroem esta generosa e fantástica “Cidade dos Mil Povos”.
Parabéns São Paulo!!!
Uma grande obra para São Paulo, não só do ponto de vista da construção civil, mas - e principalmente - para a cultura da cidade e seu povo. Com o sambódromo, os desfiles paulistanos cresceram, a comunidade das escolas foram valorizadas, puderam aprimorar seu talento, expor sua obra num espaço nobre. Tal qual ocorrera anos antes no Rio, com o sambódromo erguido lá pelo saudoso Brizola.
ResponderExcluirQue saudades da sua gestão! A despeito de tudo o que disseram os que nada fazem (iam) éramos mto felizes....e, sabíamos! Ivone Galdino
ResponderExcluirTive muito orgulho de participar da gestão da prefeita Luiza Erundina como Diretor de Planejamento da Anhembi Eventos e Turismo, empresa municipal responsável pela construção do sambódromo e organização do carnaval de São Paulo. Nesta condição presidi a Comissão de licitação deste empreendimento com projeto de Nyemeier.
ResponderExcluirEsta experiencia faz parte da minha história pessoal e me recordarei para sempre dela. Saúdo a Sra. Prefeita pela confiança que depositou em meu trabalho e pelo exemplo que significou na política deste país.
Dilermando Allan Filho, eng., Presidente do Instituto Crescer; www.institutocrescer.org.br