Discursos

quarta-feira, 4 de maio de 2011

JOCA CLAUDINO

         Joca Claudino virou nome de cidade, perpetuando, assim, a estória de uma lenda que povoou a imaginação de crianças e jovens da minha geração lá pelas bandas de Belém, nos idos da década de quarenta.
         Quem não se lembra daquela figura esguia, de porte ereto, que se distinguia dos demais tipos de homem que predominavam naquela cidadezinha?
         Quem não teria ido ao Armazém Paraíba comprar tecido estampado a cores para vestir a moçada nas festas de fim de ano e nos festejos dos padroeiros da cidade, Jesus, Maria e José?
         Esta foi a imagem que me ficou na lembrança do passado distante que evoco agora com saudade e com certa emoção, pois fez parte do cenário que marcou a minha infância de criança pobre, porém muito feliz porque sonhava com um futuro luminoso a ser construído com muita garra e determinação.
         Depois que o tempo passou e que não voltará jamais; quando parecia não haver sequer registro daquelas lembranças de uma vida simples e singela, eis que alguém me pede: “fala de Joca Claudino!” Foi como um reencontro com o passado que se torna presente e que vira lenda de novo.
         Agora já não é mais Joca Claudino dono do Armazém Paraíba. É Joca Claudino nome da cidade. E o que me vem à mente depois de tantos anos? É que ele foi uma pessoa que se antecipou ao seu tempo; de certa forma um visionário. Foi um extraordinário empreendedor e, como tal, ousou para além dos limites de sua existência. Deixou uma experiência de vida que vem sendo referência para as gerações que lhe sucederam. Particularmente para um outro João, cujas criatividade e rara inteligência transformaram o legado que recebeu do pai em um império. Não falo apenas de herança material. Mas, sim, de capacidade de iniciativa e de trabalho, inspirado em poderoso espírito de empreendedorismo, movido por grande coragem, projetando-se para além do seu tempo, como fez o Joca/pai.
         Com incontida ansiedade, aguardo a oportunidade de conhecer a mais nova cidade do meu Estado. E vai ser uma renovada emoção passar pelas ruas e praça principal de “João Claudino” e poder dizer: eu conheci o homem que deu nome a esta cidade. Ele era o dono do Armazém Paraíba, parte da história da minha pequenina Uiraúna que eu tanto amo. 

*Artigo originalmente escrito para a Revista Joca Claudino - Um homem, uma cidade - 10/2010.

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